Após terem assegurado sua participação no segundo turno das eleições presidenciais no Peru, em 6 de junho, a extrema esquerda, de Pedro Castillo, e a direita autoritária, de Keiko Fujimori, começaram nesta terça, 13, a buscar apoio em meio a um resultado que para muitos peruanos representa um dos piores cenários para o país.
Após a apuração de mais de 96% dos votos pelo escritório nacional eleitoral (Onpe), Castillo liderava, com 19%, seguido por Keiko, com 13,4%. Os resultados oficiais não serão divulgados antes do começo de maio, já que a recontagem será mais lenta em razão das análises de atas com problemas ou impugnadas. O novo presidente assumirá em 28 de julho, com o desafio de superar a emergência de saúde, a recessão econômica e uma crise política que levou o país a ter quatro presidentes desde 2018.
“A mudança e a luta estão apenas começando”, disse Castillo, um sindicalista de 51 anos que saiu do anonimato, em 2017, ao liderar milhares de colegas em uma greve nacional. O professor de escola rural começou a aparecer nas pesquisas e a se destacar entre os 18 candidatos há apenas uma semana, após percorrer o país e apresentar bom desempenho nos debates na TV.
A presença do candidato de esquerda no segundo turno foi celebrada pelo ex-presidente boliviano Evo Morales. “Com Castillo, temos uma esquerda antiestablishment que é socialmente conservadora e rejeita a economia de livre mercado”, disse o cientista político Carlos Meléndez, que antecipa uma “votação complicada” no segundo turno.
Castillo convocou ontem os grupos sociais e as organizações nacionais para iniciar um diálogo, ao considerar que o Peru “necessita de uma mudança estrutural para não continuar dividido”.