A música ancestral é o futuro”. A frase é da Djuena Tikuna, cantora amazonense indígena que abrilhantou o palco do Teatro Amazonas na noite desta quarta-feira (24/08). Ao lado da família e de artistas indígenas, a cantora, jornalista e ativista indígena ecoou a força da música ancestral em um espetáculo forte, emocionante e representativo.Em 2017, Djuena fez história ao ser a primeira indígena a se apresentar no palco do Teatro Amazonas em 120 anos de fundação do monumento. Assim como no lançamento do seu primeiro CD solo, há exatamente cinco anos, Djuena abriu alas para a força da musicalidade indígena com o espetáculo “Torü Wiyaegü”, que na sua língua materna quer dizer: “Nossos Cantos”. “Eu estou muito feliz em poder trazer novamente essa resistência através da cultura, através da música, e poder trazer também os parentes junto comigo. Então o Torü Wiyaegü representa isso, os nossos cantos, porque já está falando “nossos”, então não seria só a Djuena cantando ali – e poderia ficar até legal – mas não ficaria tão legal sem essa revoada junto comigo. Por isso, esse projeto é da Djuena, mas também é de todos os artistas indígenas que vem comigo nessa estrada”, afirmou, ao Diário da Capital.O show, que inicia com a representação do ritual tikuna da Moça Nova, evolui em um misto de contemporaneidade e tradição. O palco do Teatro Amazonas vira uma aldeia contemplada com a sensibilidade artística de indígenas como DJ Eric Terena, Weena Tikuna, Cláudia Tikuna, Grupo Eware, José Tikuna, Guildy Blan, Grupo Ruaringo, Ira Tikuna, e muitos outros que fazem parte da trajetória pessoal e profissional de Djuena.
“A música ancestral já fala tudo, então eu trago essa mistura um pouco no meu trabalho para mostrar essa diversidade, que a música é ancestral, e o futuro é ancestral, então colocar contemporaneidade na música, ela não vai deixar de ser música indígena, então eu trago essa mensagem”, afirmou a cantora.O espetáculo também lembrou momentos da pandemia de Covid-19 com uma música composta pela artista no período crítico da doença, que tanto afetou os povos indígenas do Amazonas.Torü Wiyaegü ressaltou, no palco do Teatro Amazonas, a diversidade e resistência indígena no território brasileiro. Djuena, amazonense do Alto Solimões, é uma das vozes que transpassam a história de luta do indígena em contexto urbano. O novo trabalho da artista, composto por livro, álbum e documentário, com participação de outros artistas indígenas de Manaus e do Alto Solimões, veio representando várias gerações e o futuro da música Tikuna.FOTOS: Lincoln Ferreira