Acordo foi fechado entre Justiça Eleitoral e candidatos da região, que abriga maior concentração de índios isolados do mundo. Propaganda será feita por rádios comunicadores.
Um acordo entre a Justiça Eleitoral e candidatos à Prefeitura de Atalaia do Norte, no interior do Amazonas, suspendeu as campanhas presenciais em aldeias do Vale do Javari que ainda não tiveram casos de Covid-19.
A estimativa é que 5,5 mil indígenas de etnias diferentes morem na terra indígena Vale do Javari, localizada no estremo oeste do Amazonas. A região também abriga a maior concentração de índios isolados do mundo.
Em todo o Amazonas, já são mais de 4,3 mil pessoas mortas pela Covid-19, até essa sexta-feira (16). Entre relação a índios isolados, já são mais de 80 óbitos e mais de 5,8 mil casos confirmados. A campanha eleitoral é um dos fatores que tem gerado avanço da doença no estado, informou o governo.
Seis aldeias da terra indígena possuem locais de votação, instaladas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), através do Cartório Eleitoral de Atalaia do Norte. Essas aldeias ainda não tiveram casos do novo coronavírus ou tiveram poucos, segundo a Justiça Eleitoral.
A juíza eleitoral do município, Andrea Medeiros, informou que a reunião definiu a medida nesta sexta-feira (16). Como a cidade não possui rádio, a propaganda eleitoral será levada a essas aldeias através de rádios comunicadores, existentes para contato dos indígenas com a Fundação Nacional do Índio (Funai), Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) e União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
“A Univaja disponibilizou o sistema Rede Rádio para a Justiça Eleitoral e foi fechado que cada candidato vai ter um tempo de cinco minutos para fazer a apresentação de suas propostas. Cada candidato trará seu tradutor para a língua indígena”, explicou.
Conforme Medeiros, os três candidatos a prefeito tiveram consciência do problema e aceitaram o acordo.
Para Beto Marubo, representante da Univaja, a decisão é “acertada”, diante do contexto que casos de Covid-19 vêm chegando em regiões inóspitas, como o Vale do Javari.
“É um contexto específico e que vem exigindo medidas excepcionais, apesar de que as campanhas políticas nas aldeias trazem mais malefícios do que benefícios. As urnas foram instaladas nas aldeias devido à logística complexa , bem como a grande dispersão das aldeias no interior da segunda maior T.I. do país”, destacou.
De acordo com ele, a instalação de urnas nas aldeias foi autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque o município não tem infraestrutura que atenda um contingente de mais de mil indígenas, além dos ribeirinhos, que se deslocam no dia das eleições.
Via g1Amzonas