terça-feira, novembro 5, 2024

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Colômbia tem média de um assassinato por dia em 2021

Em menos de duas semanas de 2021, já foram registrados três massacres com 13 pessoas assassinadas na Colômbia, o que equivale a um assassinato por dia. O cenário de violência não é recente. Se fazemos uma análise desde a assinatura dos Acordos de Paz, em 2016, a cifra supera os mil mortos, segundo levantamento do Instituto de Desenvolvimento da Paz (Indepaz). Cerca de 573 pessoas, equivalente a 52% dos homicídios, foram assassinadas durante o governo de Iván Duque, que assumiu a presidência em 2018.

Os massacres eram fenômenos “comuns” na década de 1980 e voltaram a acontecer em 2020, quando foram registradas 91 chacinas em todo o país. 

O mais recente aconteceu na última terça-feira (12), na cidade de Cali, estado de Valle del Cauca. Três pessoas foram assassinadas por arma de fogo, num bar no bairro Santa Elena às 8h15 da manhã. Os outros dois massacres aconteceram nos estados de Antioquia e Caquetá, no último fim de semana, deixando seis vítimas mortais. 

Já na segunda-feira (11), o ativista ambiental Gonzalo Cardona Molina foi morto no município de Tuluá, estado de Valle del Cauca. A imprensa colombiana noticiou como “o primeiro líder ambiental morto do ano”. 

A violência também não tem distinção de idade. Na última semana, duas meninas de 12 e 15 anos foram brutalmente assassinadas. A primeira, encontrada com sinais de violência sexual, no estado de Cauca e a segunda, morta a machetadas, no estado de Nariño.

“A maioria dos líderes sociais assassinados são pessoas que estão trabalhando pela paz, pela recuperação das terras e pelos direitos humanos. Esse é o custo que se paga por lutar pela vida no nosso país”, afirma a senadora do partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC), Victoria Sandino. 

representante de Política Exterior da União Europeia, Josep Borrell pediu uma resposta eficaz do Executivo colombiano e a adoção de “medidas de caráter estrutural”, assim como a aplicação total dos Acordos de Paz, para proteger a vida de militantes sociais. 

Os ataques do fim de semana são considerados de autoria do Clã do Golfo, um dos maiores grupos narco-paramilitares que opera na costa pacífica colombiana, rota que corresponde a 70% do envio de drogas à América do Norte.

Já as mortes do final de dezembro de 2020 na região do Valle del Cauca supostamente são de autoria do grupo La Local, que controla boa parte do fluxo marítimo de Buenaventura, onde está o maior porto com saída para o Pacífico. 

A escalada de violência vem acompanhada do incremento das atividades ilícitas. Em 2019, a Colômbia alcançou um recorde de produção de cocaína, com 212 mil hectares cultivados, de acordo com Departamento de Estado dos Estados Unidos.